SURGIMENTO DAS BOTICAS
A longa presença árabe na península não terá deixado de ter consequências no que respeita à especialização nas profissões ligadas à saúde, mas não conhecemos vestígios da farmácia árabe no território hoje ocupado por Portugal, salvo algumas breves passagens sobre medicamentos na literatura da época. O comércio de especiarias é atestado por vários documentos desde o século XII. Os boticários surgiram depois dos especieiros e coexistiram com estes ainda durante algum tempo.
O primeiro diploma respeitante à profissão farmacêutica que se conhece em Portugal data de 1338 e determinou a obrigatoriedade de serem examinados pelos médicos do rei todos os que exerciam os ofícios de médico, cirurgião e boticário na cidade de Lisboa.
Em meados do século seguinte foi promovida a vinda de Mestre Ananias e de outros boticários de Ceuta, da qual resultou a famosa carta de 1449 que atribui vários privilégios e isenções aos boticários.
No início das Ciências da Saúde, houve época que, na pessoa do sacerdote estavam embutidos o médico, o farmacêutico e o psicólogo, entre outros.
Em 1240, a farmácia foi separada oficialmente da medicina por um edital de Frederico II, imperador da Prússia, que estabeleceu na mesma época um código de ética profissional.
Bem recente, há algumas décadas, ainda existiam farmácias com seus profissionais farmacêuticos habilitados, que formavam um vínculo de confiança na relação médico-farmacêutico-paciente, com o advento da indústria, seguiu-se uma tática de separação entre estes dois profissionais, fazendo com que hoje se sintam distantes entre si e até mesmo se desconheçam profissionalmente.
A farmácia hoje tem por objetivo a promoção da saúde através da personalização da relação de confiança entre médico-farmacêutico-paciente.
EVOLUÇÃO DA FARMÁCIA
A evolução da farmácia, como atividade diferenciada, aconteceu em Alexandria em conseqüência de um período marcado por guerras, doenças, traições e envenenamentos.
Neste período, por causa das guerras e epidemias, a farmacologia teve um grande impulso, principalmente para o tratamento de soldados que se acidentavam nas guerras e o cuidado com pessoas que tentavam o envenenamento.
Os farmacopistas, no início do século II, incrementaram as diversas fórmulas existentes para melhor atender às necessidades da época. Em Bagdá, os árabes fundaram a primeira escola de f armada e a partir desta escola muitas outras foram surgindo. Para melhor eficiência no atendimento, foi criada neste período uma legislação especial para o exercício da profissão.
Já nos fins do século X surgiu nos conventos da França e Espanha o apotecário, que desempenhava o papel de médico e farmacêutico. Este "profissional" tinha que conhecer os males e suas curas. Era exigido também que pertencesse a uma família honrada, com boa situação econômica, conhecesse o latim, tivesse boa redução e apresentasse certidão de cristianismo e moralidade. Tinha ainda que cultivar as plantas que eram utilizadas na preparação dos medicamentos e trabalhar à vista das pessoas.
Surgiram depois as apotecas ou boticas, estabelecimentos organizados com uma série de exigências para o bom funcionamento. Elas possuíam porões, celeiros, despensas, armários, prateleiras, aparadores, arcas, mesas e cadeiras. No teto era comum pendurar animais empalhados, principalmente o crocodilo.
O material do apotecário era conservado em caixas de madeira. Os medicamentos destinados ao tratamento de doenças do estômago eram guardados em caixas de couro e os potes de estanho conservavam gorduras e pomadas. Recipientes de f erro e chumbo eram utilizados para óleos medicinais. Os vinhos e vinagres eram guardados em vasos de cerâmica.
Tempos depois estes recipientes foram substituídos por potes de majólica e mais tarde pela porcelana. Neste período começaram a surgir nas farmácias frascos, garrafas, alambiques, funis, frascos de medidas, serpentinas, retortas, filtros, peneiras, prensas para extrair o sumo das plantas, tesouras, espátulas, colheres e piluladores. Do material de trabalho faziam parte: seringas, garrafas de couro e cânulas. Essas apotecas ou boticas foram as precursoras de nossas farmácias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário